Uma reflexão sobre o livro do Profeta Miquéias:
Miquéias, nativo de Moreset, perto do Gat, aproximadamente a 32 km do sudoeste de Jerusalém e o mar mediterrâneo. Vila de pouca importância, cuja existência seria totalmente desconhecida. Foi contemporâneo de Isaías, Oséias e Amós. Miquéias foi um dos poucos profetas que fora mencionado em outro livro.
Possivelmente o profeta viveu durante os reinados do Jotam, Acaz e Ezequías (742-687 a.C). Miquéias ministrou durante a grande crise assíria. Ele testemunhou os acontecimentos resultantes na destruição e deportação do Reino do Norte. Neste período crítico, o Senhor enviou Miquéias com uma mensagem para o povo. Era um período de instabilidade política e social. O grande sucesso militar do rei Uzias na primeira metade do século VIII. Com o crescimento econômico, surgiu uma classe de negociantes em Israel e novas divisões sociais. Tudo o desenvolvimento agrário da sociedade ficava em volta, da burguesia do momento. A situação política se descreve em 2 Reis 15-20 e 2 Crônicas 26-30. O rei Acaz colocou ídolos pagãos no templo e finalmente enclausurou suas portas. Quatro nações diferentes arrasaram Judá. Quando Ezequías subiu ao trono, a nação começou um lento caminho para a recuperação e o vigor econômico. Ezequías provavelmente escutou muito do conselho do Miquéias.
Miquéias profetizou a queda tanto do reino do norte de Israel, como o do sul, de Judá. A queda foi à disciplina de Deus sobre o povo, em realidade uma demonstração do muito que se preocupava com eles. O bom governo do Rei Ezequías ajudou a propor o castigo sobre Judá. Israel precisava decidir viver uma vida separada para Deus e fazer um compromisso de fugir do pecado. Unicamente Deus conduz a sua paz eterna. A busca pela retidão em Deus os manteve no caminho correto. Miquéias condenou a injustiça social, da classe alta, que comprava a justiça do homem e decidia o rumo das pessoas. Destruíram o culto, corromperam a política, corromperam as pessoas.
“Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.” (Miquéias 6.8 ).
Deus não procura sacrifício de tolos. O contemporâneo de Miquéias, o profeta Oséias disse: “Misericórdia quero e não sacrifício”. Tanto para o tempo de Miquéias, como hoje Deus quer de nós três atitudes perante o mundo social. Primeiro: “que pratiques a Justiça”. No velho testamento o conceito de justiça é o cumprimento das exigências da Lei. Hoje a nossa lei, ou o resumo de todas, “é amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo”. Praticar a justiça hoje, é denunciar a corrupção, estar ao lado de pessoas carentes, não aceitar ver o irmão caído ou com necessidades físicas, financeiras e espirituais. Precisamos levar o padrão ético da palavra de Deus, precisamos guardar o amor, sendo assim, todos verão a Justiça de Deus nos nossos dias.
Segundo: “e ames a misericórdia”. A palavra “misericórdia” dita por Oséias (6.6) traduzido do hebraico significa amor leal. Para o cristão hoje, é bem mais fácil pagar uma oferta gigante do quer viver o “amor leal”. Nós nos sentimos muito bem só de ir aos cultos e participar de um ministério dentro da igreja, “O resto que se lasque”. Essa é uma palavra muito usada por nós Cristãos. Ter amor leal é ir muito além de cultos ou grupos. Ir além é lutar pelas causas de Cristo. Não é simples, eu sei que não, mas é o correto!
Deus espera que agente se levante, que arregacemos a camisas e vamos à guerra. Porque ser profeta nos dias de hoje é ter amor leal.
Terceiro: “e andes humildemente com o teu Deus”. O orgulho é um pecado original dos tempos de Miquéias, que hoje ainda vemos muito. A pior manifestação do orgulho, e a mais sutil, é o orgulho espiritual, tendo como exemplo clássico o farisaísmo. Quando a pessoa se considera forte e infalível. O “ungidão”, o “apostolo”, o “sacerdote”, ou seja, o dono da igreja. Ali quem manda é ele! Precisamos andar em humildade. Tiago disse: “Deus é contra os orgulhosos, mas é bondoso com os humildes”. Muita coisa hoje não acontece no mundo, pelo Reino de Deus porque nós, não somos humildes. Humildes de amar o próximo, humildes para perdoar e pedir perdão. Humildes para aceitar a perseguição e a humilhação. Porque para os humildes, Deus tem misericórdia de sobra. A humildade faz com que políticos sempre andem com integridade, faz com que pastores sempre andem com amor e faz com que Cristãos sempre vivam o amor.
Diante de tudo isso, cabe a nós: Praticar a Justiça, amar a misericórdia e andar sempre em humildade.
Em Cristo, Isack Mariano.
Referência:
Pape, Dionísio. Justiça e Esperança para Hoje: A Mensagem dos Profetas Menores – Paginas 35-39: Editora ABU.
